quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Flavia Liberman
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Matéria da Folha de São Paulo
Desconhecida, terapia ocupacional cresce
PATRÍCIA GOMES
da Folha de S.Paulo
Adriana Zucker, 21, levou um ano para perceber que veterinária não era o que ela queria. Mudou de curso e de faculdade e, agora que concluiu o primeiro semestre, não tem mais dúvidas: vai aproveitar um mercado em expansão para se tornar uma terapeuta ocupacional.
A terapia ocupacional -ou t.o.- é um campo na área de saúde que cuida "do fazer das pessoas", segundo a professora Maria Auxiliadora Ferrari, coordenadora do curso do Centro Universitário São Camilo.
Ou seja, ajuda pacientes que, por algum motivo, não conseguem executar suas ações cotidianas a terem uma vida normal. Isso inclui desde funções mais simples, como torcer uma roupa, depois de uma tendinite, até outras mais complexas, como a recuperação de um dependente químico.
Unidades de saúde, consultórios particulares e consultoria a empresas são algumas das áreas em que esses profissionais podem trabalhar.
Apesar de ainda ser uma graduação desconhecida, a terapia ocupacional é regulamentada desde o fim dos anos 1960 e, principalmente da última década para cá, o campo de trabalho para os terapeutas vem se expandindo muito.
Segundo a professora Regina Rossetto, coordenadora de t.o. da Santa Casa e conselheira do Crefito 3 (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional de SP), "está faltando gente" no mercado.
Com 25 anos de carreira, ela conta que nunca sofreu com a falta de emprego.
Segundo o Crefito 3, são 3.736 terapeutas ocupacionais habilitados no Estado de São Paulo. Desses, 1.046 estão na capital, onde o piso salarial, para uma jornada de 30 horas semanais, é de R$ 1.560.
Mesmo a maior popularização da profissão não impediu que Larissa Ferrari, 22, formanda em t.o. pelo Centro Universitário São Camilo, tivesse que explicar, muitas vezes nos últimos quatro anos, que ela não "ocupava o tempo das pessoas", mas trabalhava com promoção de saúde.
"Ninguém sabe o que é", diz Larissa, que também só ouviu falar na profissão quando um teste vocacional no ano do vestibular mostrou que ela deveria usar sua criatividade não no curso de artes cênicas, mas na terapia ocupacional.
Situação bastante familiar vive a vestibulanda Laís Magueta, 17, que, na dúvida entre enfermagem, psicologia e fisioterapia, escolheu prestar terapia ocupacional.
Numa sala de cursinho com cerca de 140 pessoas, ela é uma das poucas que vão prestar o curso e ainda não sabe ao certo o que esperar da graduação.
Das inúmeras vezes em que foi perguntada sobre o que fazia, Larissa teve trabalho para explicar que terapia ocupacional não é fisioterapia.
"Como os terapeutas ocupacionais também trabalham na área ortopédica, especialmente com a recuperação funcional dos membros superiores, muita gente confunde", afirma a terapeuta ocupacional Maria Auxiliadora Ferrari. O foco da fisioterapia, diz ela, "é o movimento", enquanto o da t.o. "é o indivíduo como um todo".
Apesar de ambas as áreas estarem reunidas em um mesmo conselho federal, o Coffito (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), uma não é ramificação da outra. "A t.o. é uma profissão com corpo científico e conhecimento próprio", diz a professora Regina Joaquim, coordenadora do curso da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). "Nos consideramos primos", diz a conselheira do Crefito 3.
Cursos
Assim como o mercado, a oferta de cursos também cresceu. Segundo dados do Inep (órgão de pesquisas do Ministério da Educação), havia, em 1999, 26 cursos presenciais de terapia ocupacional em todo o Brasil. Hoje, são cerca de 60.
O número de concluintes, ainda segundo o Inep, quase triplicou de 1999 para 2007: saltou de 381 para 1.062.
postado originalmente em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u591673.shtml
quinta-feira, 2 de julho de 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Mais de 500 brinquedos arrecadados
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Imagens do Inconsciente
terça-feira, 26 de maio de 2009
É brincando que se aprende... (texto de Rubem Alves)
No meu tempo parte da alegria de brincar estava na alegria de construir o brinquedo. Fiz caminhõezinhos, carros de rolemã, caleidoscópios, periscópios, aviões, canhões de bambu, corrupios, arcos e flechas, cataventos, instrumentos musicais, um telégrafo, telefones, um projetor de cinema com caixa de sapato e lente feita com lâmpada cheia d’água, pernas de pau, balanços, gangorras, matracas de caixas de fósforo, papagaios, artefatos detonadores de cabeças de pau de fósforo, estilingues. Professor bom não é aquele que dá uma aula perfeita, explicando a matéria. Professor bom é aquele que transforma a matéria em brinquedo e seduz o aluno a brincar. Depois de seduzido o aluno, não há quem o segure. Para saber mais sobre Rubem Alves clique aqui. |
segunda-feira, 25 de maio de 2009
A diversão de brincar e contar histórias em um hospital
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Brincadeiras Tradicionais e contemporâneas
O resgate do brincar passa necessariamente pela oportunidade de conhecer as brincadeiras tradicionais, das gerações anteriores à nossa – aquelas brincadeiras que aconteciam na rua, parques e praças, de forma espontânea, brincadeiras das diferentes regiões do país e de outras culturas.
Brincadeiras de Criança
Pieter Brueghel (1560)
Prova para as Células:
Fazer um vídeo de 1 a 2 minutos de duração com os temas falado abaixo.
Dicas para filmar, ficar com a câmera o mais parado possível observando a brincadeira da criança, ficar com a câmera na mesma altura que as crianças estão brincando.
Se não encontrar crianças que saibam fazer a brincadeira, ensine, experimente...
Sempre pedir autorização para os responsáveis pelas crianças para fazer a filmagem.
Leve de uma forma que vc possa mostrar no dia da gincana (vale celular, pen drive, cd, dvd). Poderá também ser publicado no youtube e ser enviado por e-mail (será publicado no blog).
Nayara – Bete – Cris: filmar uma criança ou mais jogando jogo das 5 marias (trinhola, jogo das pedrinhas).
Tati Negri – Fabi, Mirela – Camila R.: filmar crianças brincando de amarelinha.
Gisele – Melina – Willian – Ligia: filmar crianças brincando de corre cotia.
Marcela – Bruna – Aline – Débora: filmar crianças brincando de pula mula.
Marta – Neia – Sonia – Magna: filmar duas crianças jogando com o jogo da cama de gato
Agda, gislaine, Zélia, Jaqueline: filmar crianças jogando taco.
Lais, Rafaela, Jussara, Camila: Filmar crianças brincando de cabo de guerra.
Dayse, Priscila, Diana, Tathiana Salmaso: filmar crianças soltando pião
quinta-feira, 21 de maio de 2009
1ª Gincana de Terapia Ocupacional do Unianchieta
sábado, 16 de maio de 2009
Heliana Contadora de Histórias
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terça-feira, 12 de maio de 2009
Site com informações sobre esquizofrenia
Você pode fazer o download gratuito da série livros Conversando sobre a Esquizofrenia.
Pode encontrar relatos como o que trago abaixo:
Todo Problema Tem Sua Solução
W.B.S.
Antes dos meus 16 anos levava uma vida normal, de repente percebi algo estranho comigo, pois estava eu em um momento de tristeza profunda assistindo TV, quando tive a impressão da televisão estar conversando comigo e dizendo que eu estava sendo filmado.
No começo achava que eu estava ficando louco, pois como a TV podia conversar comigo. Depois disse aos meus pais o que estava acontecendo, eles como eu acharam estranho. Quando depois meus pais se informaram, e descobriram que eu estava com uma doença mental chamada de esquizofrenia.
Então depois ao saber o nome da minha doença que era esquizofrenia eu procurei me informar, sobre a doença. Pois procurando na Internet sobre a doença descobri que estava com delírios e alucinações.
Então minha mãe resolveu me levar ao psiquiatra, e descobri que eu podia parar de escutar vozes e parar com os demais surtos psicóticos com os remédios (antipsicóticos).
O pior para mim não foram as alucinações e nem os delírios e sim o estigma, pois os amigos me deixaram de lado assim me sentindo rejeitado comecei a me isolar, e toda as pessoas me chamando de louco.
Assim quando eu estava em surto fechei a matricula da faculdade que entrei, pois não tinha condições de continuar a faculdade. Eu estava apavorado e inseguro, pois achava que não tinha condições de trabalhar e pensava que ia virar mendigo.
Quando sem saber, o que tinha que fazer resolvi escrever um livro sobre a minha doença (a esquizofrenia), lá tentei contar todos os sintomas da doença, o nome do livro era “Reflexões de Giovani”. E na escrita do livro me ajudou a ver melhor o que acontecia comigo que estava em meu e inconsciente que coloquei em meu livro.
Mas também percebi que não estava sozinho pois, a minha mãe e meu pai estavam ao meu lado assim me levando no psiquiatra, pois não tinha condições de ir sozinho por causa do surto.
Eu também por causa da doença me sentia limitado. Quando passou no cinema o filme “UMA MENTE BRILHANTE”. Que mostrava um grande matemático esquizofrênico que recebeu o premio “NOBEL”. Depois de assistir este filme percebi que a doença não limitava a inteligência.
E cheguei a conclusão que não era louco era apenas os sintomas da doença. Lembro quando estava no corredor esperando meu psiquiatra me chamar, vi no mural um cartas anunciando sobre a palestra sobre esquizofrenia. Lá na palestra entendi melhor o que estava acontecendo comigo.
Mas mesmo assim eu enfrentava algumas dificuldades, minha mãe achou melhor me por em uma psicóloga. O nome dela era Silvana, ela a Silvana me fez ficar mais seguro, e me ajudou a resolver meus problemas.
Eu preocupado em me virar sozinho por causa da doença resolvi ir sozinho aos meus compromissos (psicóloga e ao psiquiatra). E então percebi que eu era capaz. Mas estava preocupado em arrumar trabalho por causa da doença e cheguei a conclusão que não podia trabalhar, pois estava em crise, assim como não consegui acabar a faculdade. Então resolvi ser escritor, pois ser escritor não precisava ter um horário fixo a cumprir no trabalho, era só ter no mínimo caderno e um lápis e assim inspirado escrever e escrever.
E depois fiquei sabendo de um grupo de apoio com a TO chamada Fernanda. Lá tinha pessoas como eu (portadores de esquizofrenia), neste grupo senti apoio de todos tanto da TO quanto dos portadores, pois estava interessado em resolver meus problemas.
Hoje depois de tanto trocar de remédio acabei me acertando com Leponex, levo uma vida normal ainda escuto algumas vozes mas diminuiu a intensidade, depois escrevendo livros percebi que toda a dificuldade tem sua solução,e que todas elas temos que superar por mais difícil que seja.
sábado, 9 de maio de 2009
O estágio de terapia ocupacional no CAPS-Várzea Paulista
Estamos há 2 meses e pouco com 6 estagiários de terapia ocupacional no CAPS Várzea Paulista.
Hoje vamos postar um vídeo da inauguração do nosso laboratório de atividades e terapia ocupacional que é realizado em parceria com a UNIANCHIETA, o CAPS Várzea e a secretária de cultura de Várzea paulista.
Nesta inaguração tivemos a presença do grande artista Eufra Modesto que cantou músicas de Gonzagão e Renato Teixeira e nos presenteou com um causo.
sábado, 25 de abril de 2009
terça-feira, 21 de abril de 2009
Publicação polêmica do poeta Ferreira Gullar
Uma lei errada
Campanha contra a internação de doentes mentais é uma forma de demagogia
ACAMPANHA contra a internação de doentes mentais foi inspirada por um médico italiano de Bolonha. Lá resultou num desastre e, mesmo assim, insistiu-se em repeti-la aqui e o resultado foi exatamente o mesmo.Isso começou por causa do uso intensivo de drogas a partir dos anos 70. Veio no bojo de uma rebelião contra a ordem social, que era definida como sinônimo de cerceamento da liberdade individual, repressão “burguesa” para defender os valores do capitalismo.
A classe média, em geral, sempre aberta a ideias “avançadas” ou “libertárias”, quase nunca se detém para examinar as questões, pesar os argumentos, confrontá-los com a realidade. Não, adere sem refletir.
Havia, naquela época, um deputado petista que aderiu à proposta, passou a defendê-la e apresentou um projeto de lei no Congresso. Certa vez, declarou a um jornal que “as famílias dos doentes mentais os internavam para se livrarem deles”. E eu, que lidava com o problema de dois filhos nesse estado, disse a mim mesmo: “Esse sujeito é um cretino. Não sabe o que é conviver com pessoas esquizofrênicas, que muitas vezes ameaçam se matar ou matar alguém. Não imagina o quanto dói a um pai ter que internar um filho, para salvá-lo e salvar a família. Esse idiota tem a audácia de fingir que ama mais a meus filhos do que eu”.
Esse tipo de campanha é uma forma de demagogia, como outra qualquer: funda-se em dados falsos ou falsificados e muitas vezes no desconhecimento do problema que dizem tentar resolver. No caso das internações, lançavam mão da palavra “manicômio”, já então fora de uso e que por si só carrega conotações negativas, numa época em que aquele tipo hospital não existia mais. Digo isso porque estive em muitos hospitais psiquiátricos, públicos e particulares, mas em nenhum deles havia cárceres ou “solitárias” para segregar o “doente furioso”. Mas, para o êxito da campanha, era necessário levar a opinião pública a crer que a internação equivalia a jogar o doente num inferno.
Até descobrirem os remédios psiquiátricos, que controlam a ansiedade e evitam o delírio, médicos e enfermeiros, de fato, não sabiam como lidar com um doente mental em surto, fora de controle. Por isso o metiam em camisas de força ou o punham numa cela com grades até que se acalmasse. Outro procedimento era o choque elétrico, que surtia o efeito imediato de interromper o surto esquizofrênico, mas com consequências imprevisíveis para sua integridade mental. Com o tempo, porém, descobriu-se um modo de limitar a intensidade do choque elétrico e apenas usá-lo em casos extremos. Já os remédios neuroléticos não apresentam qualquer inconveniente e, aplicados na dosagem certa, possibilitam ao doente manter-se em estado normal. Graças a essa medicação, as clínicas psiquiátricas perderam o caráter carcerário para se tornarem semelhantes a clínicas de repouso. A maioria das clínicas psiquiátricas particulares de hoje tem salas de jogos, de cinema, teatro, piscina e campo de esportes. Já os hospitais públicos, até bem pouco, se não dispunham do mesmo conforto, também ofereciam ao internado divertimento e lazer, além de ateliês para pintar, desenhar ou ocupar-se com trabalhos manuais.
Com os remédios à base de amplictil, como Haldol, o paciente não necessita de internações prolongadas. Em geral, a internação se torna necessária porque, em casa, por diversos motivos, o doente às vezes se nega a medicar-se, entra em surto e se torna uma ameaça ou um tormento para a família. Levado para a clínica e medicado, vai aos poucos recuperando o equilíbrio até estar em condições que lhe permitem voltar para o convívio familiar. No caso das famílias mais pobres, isso não é tão simples, já que saem todos para trabalhar e o doente fica sozinho em casa. Em alguns casos, deixa de tomar o remédio e volta ao estado delirante. Não há alternativa senão interná-lo.
Pois bem, aquela campanha, que visava salvar os doentes de “repressão burguesa”, resultou numa lei que praticamente acabou com os hospitais psiquiátricos, mantidos pelo governo. Em seu lugar, instituiu-se o tratamento ambulatorial (hospital-dia), que só resulta para os casos menos graves, enquanto os mais graves, que necessitam de internação, não têm quem os atenda. As famílias de posses continuam a por seus doentes em clínicas particulares, enquanto as pobres não têm onde interná-los. Os doentes terminam nas ruas como mendigos, dormindo sob viadutos.
É hora de revogar essa lei idiota que provocou tamanho desastre.
domingo, 19 de abril de 2009
Colóquio Unianchieta 2009
domingo, 12 de abril de 2009
domingo, 5 de abril de 2009
Estudo das atividades na terapia ocupacional
domingo, 22 de março de 2009
Palestra Música e Saúde
Mais do que do tema que apresentei, falo do conhecimento que surgiu no debate deste assunto num público composto por músicos, educadores, estudantes de músicas,psicólogos, musicoterapeutas, estudantes de terapia ocupacional e médicos que estiveram presente na palestra. No debate das idéias apresentadas surgiram colocações sensíveis de como o estudo da música pode ajudar na cura de uma depressão ou um ritmo musical como o samba pode resgatar uma pessoa com demência de Alzheimer da apatia. Uma fala feita pela minha esposa Francine me tocou muito, "a escola no ensino fundamental fecha a porta para música". uma participação muito pertinente foi da pianista e professora Elizabeth Milanez que falou de um método que desenvolve em que pede para o aluno conversar ao mesmo tempo que toca o piano e que isso melhora sua atenção e desempenho, ela falou também dos excelentes resultados que atingiu ao dar aula para uma aluna que era portadora de ?arkinson. Percebi um interesse muito grande dos músicos em como a música funciona no cérebro. Uma pergunta que surgiu para mim e para os educadores é como a música pode auxiliar na aprendizagem, na saúde, o que a música ensina para o nosso cérebro...
Existiu um interesse muito grande em um tema que achei que ia passar desapercebido, o ouvido absoluto. Os músicos e professores de música ficaram interessados em como se descobre que uma pessoa tem ouvido absoluto e o que fazer ao descobrir isso em um aluno. Debatemos também sobre a importância da educação sensível que busca desenvolver os sentidos humanos. Outro tema foi o do uso da música como recurso terapêutico em doenças como Parkinson e Alzheimer.
Gostaria de salientar a participação dos meus colegas de aula do primeiro ano de música do conservatório de Salto e dos alunos do curso de terapia ocupacional do Unianchieta de Jundiaí que lotaram uma van para vir até Salto.
Acredito que os alunos do Unianchieta tiveram a oportunidade de presenciar uma verdadeira discussão interdisciplinar que uniu arte, ciência e educação.
Agradeço o convite do Marco Antonio de Paula Leite e da diretora do conservatório Valéria Malimpensa e posso dizer que foi uma experiência emocionante debater sobre música, saúde e educação numa manhã de sábado no conservatório municipal de Salto.
sexta-feira, 13 de março de 2009
Nise da Silveira
Para buscar esquecer este fato, Nise da Silveira junto com seu primo e companheiro Mário da Silveira, navegam para a capital federal e se instalam no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro. Lá foram vizinhos do poeta Manuel Bandeira e do líder comunista Otávio Brandão na rua do Curvelo.
Nise foi presa, acusada de comunismo, no presidio Frei Caneca por um ano e quatro meses durante a ditadura Vargas. Ficou na mesma cela de Olga Benário e Elisa Berger que foram deportadas para Alemanha e morreram na mão do nazismo. Durante os tempos de prisão estudou muita filosofia e conheceu pessoas muito sábias como seu conterrâneo Graciliano Ramos que a colocou como uma das personagens do livro Memórias do Cárcere em que o escritor relata seu período de confinamento na prisão.
Depois de liberada da prisão, Nise passou alguns anos na clandestinidade e escondeu-se em estados do norte e nordeste do país. Nesta época seu marido serviu como médico sanistarista em bases militares internacionais no norte da África.
Em 1944, com a volta do regime democrático ao país, Nise da Silveira reassumiu sua vaga no serviço psiquiátrico que tinha ingressado em 1933 por concurso público. Algum tempo depois de voltar ao trabalho Nise foi convidada por um psiquiatra chefe do serviço para assistir uma sessão de eletrochoque e depois de o psiquiátra demonstrar a técnica, aplicando o eletrochoque em um paciente, mandou a doutora Nise apertar o botão e ela respondeu prontamente: "Eu não aperto o botão". Aí nasceu a psiquiatra rebelde que transformou as formas de tratar o doente mental e que realizou pequenas revoluções que ainda hoje ressoam em todos que procuram uma forma humana e digna de tratamento do sofrimento mental.
Nise da Silveira foi transferida para o serviço de terapêutica ocupacional e encontrou no uso terapêutico da atividade uma forma diferente tratar os doentes mentais. Aposentou a forma antiga de fazer terapêutica ocupacional em que usava-se a limpeza e a costura que auxiliavam na economia hospitalar e com muita criatividade, estudo e ousadia criou oficinas de pintura, modelagem, encadernação e muitas outras formas de expressividade através de atividades terapêuticas. Nise sabia encontrar as pessoas certas para o lugar certo e resgatou dos serviços burocráticos um jovem de nome Almir Mavignier que no seu afã de tornar-se artista plástico criou um ateliê de pintura e encontrou verdadeiros artistas para dividir com ele o ateliê. Nise e Almir encontraram artistas como Emygidio de Barros, Fernando Diniz e Raphael Domingues em que a força plástica de suas obras levaram a serem expostos em importantes museus do Brasil e do exterior.
Nise da Silveira desenvolveu na década de 50 do século passado uma pesquisa de revisão dos principais autores da terapia ocupacional na época no mundo, queria encontrar as bases teóricas de seu trabalho. Com uma bolsa do CNPQ encontrou na Alemanha com Simon, um dos pensadores da profissão na época. Outro encontro marcante foi com o psiquiatra suiço Carl Gustav Jung que abriu as portas do inconsciente para a psiquiatra brasileira. Nise relata no seu diário a emoção deste encontro. Conta que ao chegar à casa de Jung foi tomada pela inscrição "Invocado ou não Deus estará presente" inscrita em latim e esculpida em pedra.
Nise desenvolveu uma extensa obra, colecionou mais de 300 mil obras que hoje constituem o Museu de Imagens do Inconsciente no Rio de Janeiro. Conduziu o mais duradouro grupo de estudos independente no Brasil que durou de 1957 até poucos anos antes da sua morte em 1999. Nestes grupos foram tratados os mais diversos temas desde a psicologia junguiana até críticas a farra do boi que acontecia em Santa Catarina. Nise foi o elo de ligação entre gerações e agregou importantes aliados nas mais diversas áreas. Criou tecnologias em saúde mental que ainda hoje são inovadoras e desconhecidas. Enquanto a cultura e a ciência buscavam uma massificação do ser humano, Nise da Silveira construiu narrativas de pessoas com sofrimento mental que descortinam relações com a mitologia, antropologia, sociologia.
E com tudo isso suas criações que relacionam-se com a terapia ocupacional são desconhecidas por professores, profissionais e alunos da área. O mito de Nise da Silveira vive nomeando salas de congressos e Caps por todo Brasil, mas sua técnica é esquecida.
terça-feira, 10 de março de 2009
O CAPS de Várzea Paulista
Esta semana começamos o estágio do curso de terapia ocupacional no Caps de Várzea, o serviço de referência de saúde mental no município, foram apenas dois dias, segunda e terça no período da manhã. Duas manhãs intensas de aprendizagem e experiência humana.
Juntamente com as seis estagiárias do curso e uma turma de dez estagiárias da enfermagem conhecemos os pacientes do Caps, os funcionários e um pouco da cidade de Várzea Paulista. As estagiárias conheceram vários seres humanos que apesar da dor psíquica buscam um caminho para uma vida suportável e quem sabe mais perto de alguns momentos felizes. Contatos foram feitos e com muito afeto e coragem começaram a conquistar seu espaço dentro do CAPS Várzea.
A parceria do Unianchieta com a prefeitura de Várzea Paulista propicia aos alunos dos diversos cursos da área de saúde da universidade uma vivência na saúde pública que inestimável para a formação do profissional que irá trabalhar no SUS.
Podemos não aproximarmos do ideal de junção da teoria e da prática como se faz na formação do profissional de saúde em Cuba, mas estamos dando o primeiro passo para uma formação cada vez mais completa.
quarta-feira, 4 de março de 2009
Ritmo e movimento
Hoje André chegou ao Centro Dia de Idosos que trabalho no período da tarde. Veio andando com muita dificuldade com sua bengala e com um tremor muito acentuado. Ao sentar fica paralisado e seu tronco pende para o lado esquerdo, onde fica quase imóvel nesta posição. Constantemente os funcionários do centro de idosos o posicionam, mas logo ele volta para mesma posição. Se ninguém chega perto para conversar, ele permanece calado em sua posição congelada.
Hoje usamos o ipod e André ouviu chorinhos, óperas, músicas de Bach e Mozart. Depois de colocar a música e deixá-lo ouvindo óperas de Mozart por 10 minutos. Pedi para André levantar. Ele teve alguma dificuldade, mas andou sem a bengala, movimentou os braços e percebia que seu tremor diminuia muito em algumas músicas. Em uma delas o resultado foi mais acentuado e André andou com desenvoltura e falou com uma voz mais firme e fácil de entender ao escutar Alla Turca tocado pelo "Choro das Três".
Depois depois pediu para ouvir "Carinhoso", comentou da doçura da flauta e falou que estava sentindo seu corpo pela primeira vez em anos. "Eu achava que já não tinha um corpo, agora com a música, sintoi meus pés, pernas e mãos" falou isso ao mesmo tempo que mexia as partes do corpo e ouvia Pixinguinha tocando "Carinhoso".
terça-feira, 3 de março de 2009
Música e terapia
Acredito que a terapia que leve em conta uma educação dos sentidos pode ser altamente valorizada neste mundo contemporâneo que nossos sentidos estão anestesiados e esquecidos. A música, os sabores, os odores, o tato precisam ser melhor estudados e incorporados nos processos terapêuticos.
A música acompanha o ser humano desde que ele virou homo sapiens, estudiosos da Universidade da Califórnia afirmam que o homem quando passou a morar em florestas tropicais imitava pássaros e sons e começou a desenvolver uma comunicação mais efetiva. O mais antigo instrumento musical que se tem notícia, uma faluta de osso de mamute, data de 35000 anos. Nestes anos todos o homem desenvolveu uma imensa capacidade de relacionar-se com a música e a música em si tem um poder terapêutico que muitas vezes esquecemos em nossa prática cotidiana.
segunda-feira, 2 de março de 2009
A defesa da tese da Taís Quevedo
Taís escreveu uma tese de mais de 500 páginas com informações, discussões e impressões muito sofisticadas e verdadeiras. Ela pesquisou um grupo de 7 terapeutas ocupacionais novatas que fazem residência em saúde mental na Unifesp. foram 18 encontros em que as participantes da pesquisa se dispuseram a escrever diários de aprendizagem e reflexão sobre o que é ser terapeuta ocupacional. Taís participou destes encontros em que fomentou a reflexão e também escreveu um diário narrativo pessoal deste processo. Poderia continuar contando sobre o trabalho da Taís, mas vou contar agora da defesa da tese de doutorado.
Uma defesa de tese é algo que mantém resquícios da tradição acadêmica, com banca, apresentação da tese, arguição da candidata e no final a orientadora da tese pede para as pessoas da platéia se retirarem para dar o veredito.
Mas com a Taís é tudo diferente, o clima foi muito informal, mesmo com os ritos terem todos sido realizados. Aconteceu um momento de real afeto em que a terapeuta ocupacional Jô Benneton, pediu uso da palavra e constatou naquele momento a importância do trabalho da Taís e emocionada pediu para dar um beijo e representando "uma grande mãe" foi ao encontro da Taís e lhe deu um abraço e um beijo quebrando o protocolo, mas colocando humanidade na cerimônia.
Uma frase dita por uma das integrantes sintetiza bem o que a Taís conseguiu com seu trabalho de doutorado: "Abriu as portas da incerteza para os terapeutas ocupacionais". A Taís propõe a formação de um profissional pensador e que use a incerteza como dínamo de seu processo de constante aprendizagem.
Ao ler a tese da Taís tive a sensaçãode manusear aquelas bonecas russas que você abre e encontra outra igual lá dentro. São tantos trabalhos importantes dentro da tese que não saímos da leitura do mesmo modo que entramos. Somos provocados a uma grande reflexão sobre a educação e o processo de formação profissional.
E a generosidade da Taís não acaba jamais. No final da apresentação ela convidou os presentes para um buffet de comidas árabes e brindou com todos a sua conquista. - Ave Taís.