domingo, 2 de dezembro de 2012

Arte e ciência

Arte e ciência são expressões da cultura humana. A capacidade de observar e criar marcam o homem desde sua remota origem.
Podemos pensar que a cultura é uma invenção humana. Ao lermos antropólogos, arqueólogos, filósofos, biólogos temos as mais diferentes respostas a esta pergunta. A música, o teatro, os ornamentos, a pintura, os rituais. promoveram uma transformação no homem e no mundo mais rápida que a que teríamos simplesmente pela seleção natural que parecia o destino de todas as espécies. 
A cultura tornou-se um espelho que refletia o outro e o conjunto da sociedade na organização do indivídiu da espécie.
A ciência como conhecemos é muito jovem e só agora pelos idos dos anos 2000 está conseguindo lançar os alicerces para compreender a cultura, berço que a gerou. Sem a união de arte e ciência no mesmo patamar, movidas por mentes criativas, não vamos conseguir continuar a evolução do ser humano que parte da natureza e precisa usar conhecimento, tecnologia, razão e emoção de forma a poder continuar sua viagem ... 
A cultura do homem agora pode se expressar de forma transdiciplinares, objetos, ideias, ciência e arte; mas somente sem divisões entre razão e a sensibilidade, arte e ciência poderemos esperar criações mais humanas e menos descartáveis...

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Carta imaginária IV

29 de novembro de 2012

Prezada Nise da Silveira,
Resolvi escrever mais uma carta, esta para lhe contar sobre uma decisão intepestiva que tive hoje, depois de pensar em temas de complexidade, duração e ética. Lembrei do jovem Spinoza, lutando com a incompreensão de sua comunidade judaica, da vivida Nise da Silveira que não aceitou apertar o botão do positivismo.
Vi um anúncio de uma experiência com jovens seres humanos que poderão ter a oportunidade de serem internados para a ciência descobrir o que acontece quando o jovem experimenta sua primeira experiência de um estado mais profundo do ser. Doutora Nise, conto agora detalhes desse anúncio que foi feito para aparecer em telas que conectam pessoas e tem o nome de livro de faces. As pessoas replicam a informação instanteneamente tocadas pela imagem do quadro O Grito. O jovem que experenciou realidades inumeráveis, agora será encarcerado para ser examinado por máquinas e sensores dos mais diversos, ter seu código genético extraído e realizar todos os sonhos do obscuro José Menguele. Enquanto estou escrevendo-lhe essa missiva, centenas de pessoas estão compartilhando o grito em suas telas em que a palavra perdeu o seu valor, as pessoas enviaram para as profundezas da psique sua capacidade de ler e interpretar o significado e relacionam-se diretamente com formas e cores, mesmo se a relação entre palavras e imagem for paradoxal.
Um detalhe, hoje existem cartórios que carimbam selos de ética em pesquisa científica com seres humanos e um desses cartórios conferiu a esta pesquisa que vos descrevo o carimbo de Ética, não por acaso, o mesmo título do livro de Benedito Spinoza. Talvez o ser humano esteja em um tempo de uma confusão que obscurece seu julgamento do bem e do mal, escutei hoje um filósofo dizendo que vivemos uma fratura no Ethos... Lembrei imediatamente de Fênix, quando a sociedade atinge as cinzas, algo surge e toma forma, vamos esperar que a sociedade contemporânea reaja de sua fratura que fissura nossos dias.
Agora compartilho minha súbita decisão... Não vou participar desta ciência que usa seres humanos como objetos inanimados... Existem outras formas de compreender o ser humano. Podemos olhar para outras ferramentas da ciência e arte e transgredir a obtusidade que se impõe ...
Em algum lugar nos ares entre Brasília e Rio de Janeiro.

Jose Otavio